Avaliação geral das temáticas pró-reforma e contra a reforma
📰 CONGRESSO
O Estadão destaca que sob o comando da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), a CCJ virou “uma praça de guerra” e em 20 dias não aprovou nenhum projeto. O jornal ressalta que a indicação da deputada, que faz parte da tropa de choque de Jair Bolsonaro no Congresso, foi negociada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) em troca do apoio que recebeu do Planalto para se eleger ao cargo. Desde então, foram cinco sessões e todas foram marcadas por discussões, obstruções e registro de reclamação pelo fato de Kicis não usar máscara durante as reuniões. O Estadão indica que a prioridade dada à Kicis na CCj foi o andamento da Reforma Administrativa. O jornal constrói uma narrativa de que o caos está sendo gerado pela atuação dos deputados do PSL, PT e PSOL. A oposição admite que seu objetivo é dificultar a tramitação da Reforma. A deputada Fernanda Melchiona afirmou que “o problema é a pauta, com a proposta enviada pelo presidente, que coloca como prioridade uma reforma que ataca os servidores públicos. Por isso, fizemos obstrução nas últimas três semanas. Não é razoável termos um projeto que ataca direitos no momento em que o povo está sofrendo muito com a pandemia.” Ao Antagonista, um líder do Centrão afirmou que “nada vai andar na CCJ. Vai ser só gritaria, confusão, gente em cima da mesa. Vai ser o caos ali. Para aprovar alguma coisa importante, vai ter que tirar a Bia e colocar o Marcos Pereira no comando”.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI) defendeu a recriação da CPMF para custear o auxílio emergencial. Ele afirmou que é preciso encontrar uma forma de financiar o aumento do valor do auxílio e que “uma quantidade de parlamentares veio dizer que ‘[o auxílio] tem que ser R$ 1.000’. Sim, mas quem vai pagar? Vamos tirar de onde? Se fizermos uma reforma administrativa, [criar] o teto do funcionalismo, aí teremos fonte. Vamos botar uma CPMF para o auxílio, eu defendo isso.”
📰 MERCADO
O chefe de Estratégia Macro e Política da XP, Richard Back afirmou que as reformas administrativa e tributária devem ficar para 2023. Ele acredita que o Congresso hoje não tem o “espírito reformista”, principalmente diante do cenário de reeleição próxima, covid e empobrecimento da população. Back disse que há um imaginário das reformas no Congresso, mas que não há uma pauta de prioridades ordenada e somente a “agenda micro” caminha. O interlocutor do mercado acredita que o que vier será lucro.
Outros interlocutores do mercado financeiro se disseram preocupados com o Orçamento aprovado pelo Congresso, por entenderem que o teto de gastos corre risco. Alberto Ramos, chefe da área de pesquisas econômicas sobre América Latina do banco Goldman Sachs afirmou que “o teto perde a sua funcionalidade se você empreende manobras contábeis, porque já não serve mais para conter a expansão fiscal.” Ao Valor Econômico, Patrícia Pereira, estrategista-chefe de renda fixa da MAG Investimentos, afirma que o incômodo com o Orçamento aprovado, considerado aquém do esperado pelo mercado, respingou nos presidentes da Câmara e do Senado. Pereira disse que não acredita que o mercado os veja como adversários, mas certamente perderam créditos.
Para Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, o governo poderia recobrar alguma confiança dos investidores caso, além de reformar o atual projeto, fizesse andar alguma reforma que atuasse como âncora fiscal. Srour, afirmou que parece ser inevitável “aumentar o gasto público para além dos R$ 44 bilhões previstos [na PEC emergencial], o que poderia ajudar a reverter essa baixa confiança é ver Executivo e Congresso mostrarem alguma disposição para fazer andar alguma reforma que traz poupança, como a reforma administrativa.”
Na mesma linha, Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody’s, reforçou a necessidade das autoridades se comprometerem com a agenda de consolidação fiscal. Samar repete o mantra de que a aprovação de uma reforma administrativa seria importante para ajudar na questão fiscal no médio a longo prazo. A vice-presidente da Moody’s acredita que mais trabalho precisa ser feito para lidar com a questão dos gastos obrigatórios, pois “os investidores têm muitas questões sobre como manter o teto de gastos ano após ano”.
📰 ARTIGO
Igor Côrrea Pereira da CTB do Rio Grande do Sul, em artigo no Brasil 247 questiona qual a diferença entre privilégios e direitos. Côrrea afirma que quando o ministro Paulo Guedes diz que a reforma administrativa é “para cortar privilégios”, ele quer construir uma sociedade em que emprego, renda, moradia, mínimos direitos sociais, sejam considerados privilégios, e portanto, eliminados. E completa que “a reforma administrativa em curso, que elege o servidor público como o privilegiado, na verdade ataca as carreiras que atendem a população na área da educação e da saúde.”
📱 REDES SOCIAIS
Nas redes e canais que debatem a Reforma Administrativa, como era de se esperar, foram dominadas pelo acirramento da crise pandêmica e política. O tuitaço gerou grande engajamento mas ocorreu no meio do anúncio da “reforma ministerial”, com a queda do ministro da Defesa e a entrada do Centrão na articulação política, com a indicação de Flávia Arruda para a Secretaria de Governo.
✔️ Manchetes, matérias, editoriais e entrevistas do dia sobre a Reforma Administrativa
CONGRESSO
Sob Bia Kicis, CCJ vira praça de guerra e tem até pedido para que deputada use máscara nas combinadas’ Estadão (29/03/21).
Bia Kicis na CCJ travará projetos importantes, avaliam líderes O Antagonista (29/03/21).
Defendo uma CPMF para bancar o auxílio emergencial, diz líder do centrão UOL (29/03/21).
MERCADO
Richard Back, da XP: ‘Reformas só devem ser votadas em 2023’ Estadão (29/03/21).
Incertezas com o Orçamento voltam a pesar sobre os ativos Valor Econômico (30/03/21).
Moody’s e S&P dizem que cenário base para o Brasil ainda é de respeito ao teto, mas ressaltam riscos Valor Econômico (29/03/21).
✔️ Artigos e colunas na imprensa (impressa e digital)
Ampliar direitos e combater privilégios Por Igor Corrêa Pereira em Brasil 247 (29/03/21).
📱 Trend Topics: quais os assuntos estão em pauta relacionados à Reforma Administrativa
As discussões sobre a Reforma Administrativa repercutiram o agravamento da pandemia e a reforma ministerial. Nos grupos de WhatsApp, as chamadas para as ações de pressão sobre os parlamentares seguem em menor ritmo do que vinha sendo observado, mas ações como tuitaços têm gerado grande engajamento. No contexto de discussão na web destacam-se os termos: #SomosTodosServicoPublico; Estabilidade; Terceirização; Corrupto; Guedes; Concursos; População; Desmonte; Apadrinhados; Rachadinha; Perseguição.
📱 Páginas ou pessoas que se destacaram no debate sobre a Reforma Administrativa nas Redes Sociais
[TWITTER] Professor Israel 🆘🇧🇷🇺🇳 @ProfIsrael (9,5k) “Fim da estabilidade, alteração no concurso público, terceirização, precarização de vínculo com o Estado, perda de direitos, perseguição e demissão. Pra você que sonha em ser futuro servidor e apoia a reforma administrativa, repense. #SomosTodosServicoPublico” (O Tweet está com 1,6k interações).
[TWITTER] Rogério Correia @RogerioCorreia_ (68,7k) “Quando tudo for privatizado nós seremos privados de tudo. Não ajude esse governo a mentir e emplacar essa reforma administrativa. #SomosTodosServicoPublico” (O Tweet está com 1,4k interações).
[TWITTER] Salim Mattar @salimmattarBR (139,4k) “A CUT iniciou campanha contra a #reformaadministrativa que é fundamental para desonerar os #pagadoresdeimpostos, reduzir o custo do estado e reequilibrar as contas públicas. Pena a visão ideológica se sobrepor à sensatez e ao bom senso num importante projeto para o país.” (O Tweet está com 4k interações).
[FACEBOOK] Que Estado queremos? ( 421 k) “Darci de Matos (PSD/SC), relator da Reforma Administrativa na CCJ, em entrevista à Record News: “A partir do ano que vem, os prefeitos, governadores e o presidente da República só farão concurso para carreira típica de Estado. E o que é carreira típica de Estado? É o servidor que tem poder de polícia. (…) ” Leia mais” (O post está com 54 reações, 47 comentários e 122 compartilhamentos).
📌 Outros conteúdos sobre a Reforma Administrativa
[PODCAST] Genial Podcast. Orçamento de “faz de conta” e reformas: assuntos de Ana Carla Abrão na Conversa com Zé Márcio. O economista-chefe da Genial, José Márcio Camargo, recebeu Ana Carla Abrão, economista e head da Oliver Wyman no Brasil e do CLP – Liderança Pública, para um bate-papo sobre a enrascada do governo tendo que se virar para corrigir um orçamento que se mostra impossível de por em prática. A reforma administrativa e todos os seus obstáculos também estiveram em pauta.
[LIVE] Canal Sempre na Luta – Rogério Correia (45k) Semana do Golpe Militar, Bia Kicks incentiva motim e Reforma Administrativa