A Reforma Administrativa é o que há de mais cringe no Congresso
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A Reforma Administrativa é o que há de mais cringe no Congresso

Cringe, mico, vergonha alheia, cafona: reforma administrativa é retrocesso

As redes sociais foram tomadas na última semana por um embate entre os Millennials (aqueles que nasceram de 1980 a 1994) e a Geração Z (nascidos de 1995 a 2010). Isso porque uma enquete no Twitter mostrou o que os Gen Z acham mais “cringe” na geração anterior.

É, como bons cringe que somos, também ficamos confusos. Ainda bem que o Google substituiu a Barsa e pudemos pesquisar rapidamente o significado do termo. Basicamente, cringe é uma gíria dos mais jovens para “vergonha alheia”, “cafona” ou o popular “uó”, pra quem tem mais de 30 anos.

Mas nem só de calça skinny, sapatilha redonda, boleto e cabelo de lado vive a vergonha alheia deste País. No Congresso Nacional, tem muita coisa cringe rolando. O governo atual e sua base de parlamentares parece ter certa fixação com o que o Brasil tinha de pior nos anos 80 e 90.

Nesse contexto, não podemos deixar de falar da tentativa cruel de recuperar a fase do coronelismo e da ingerência política na administração pública com a PEC 32/2020 e a aprovação de mudanças que nos levarão diretamente aos anos 80, antes da promulgação da Constituição Cidadã.

A PEC 32/2020, da Reforma Administrativa proposta pelo governo Bolsonaro, é um dos exemplos do que há de mais “cringe” hoje no Congresso. Tentativas de dar superpoderes ao presidente, de diminuir o papel do Estado na prestação de serviços (parece que estamos vendo os anos 90 todinhos novamente), de aumentar práticas de coronelismo e ingerência política nos serviços públicos são o norte dessa proposta.

Imagens reais do Congresso brasileiro aprovando a Reforma Administrativa

Nada mais cafona do que tentar retomar um passado que, além de ultrapassado, já mostrou não funcionar. Os constituintes estabeleceram uma série de normas que asseguram que o serviço público no Brasil esteja livre de interferências políticas, que os servidores estejam resguardados judicialmente para exercer suas funções e que a população possa ter acesso a direitos fundamentais.

Negar essas normas é negar a própria Constituição e promover um ataque frontal ao serviço público e à população brasileira que faz uso desses serviços. É muito pior do que uma discussão de diferenças geracionais na internet. É cafona, é cringe e é perigoso.

Vamos deixar que os anos 80 e 90 permaneçam na nossa memória pelo que têm de melhor: rock, moda de gosto duvidoso e programas dominicais altamente heterodoxos que fizeram parte das tardes da família brasileira e da imaginação de milhares de jovens adultos que hoje são cringe.