No Poder 360, o engenheiro Ricardo de Oliveira questiona o posicionamento do governo e de grande parte da mídia ao elegerem os servidores públicos como o grande inimigo do Brasil e da eficiência na administração pública.
“Ao longo do tempo já fizemos várias alterações nas carreiras e continuamos com o mesmo problema de desempenho do setor público. Podemos conseguir, com essa proposta em discussão no Congresso Nacional, oxalá, reduzir privilégios inaceitáveis dos servidores públicos. Mas para isso é preciso incluir todos os Poderes e seus integrantes”, explica.
Ele também diz que a discussão sobre os gastos públicos deve ser qualificada. “[…] não podemos generalizar o debate sobre o excesso de gasto público, sob pena de prejudicarmos o financiamento de áreas importantes, como saúde, educação e segurança”.
Oliveira acredita que é preciso conhecer melhor a administração pública a fim de melhorá-la. Para ele, frases de senso comum como ‘o serviço público não funciona” e “gasta muito sem retorno” expressam desconhecimento da realidade.
“Se esse diagnóstico simplório estivesse correto, como explicaríamos a avaliação positiva que a população está fazendo do SUS no enfrentamento dessa pandemia do covid-19? O setor público tem muitos problemas, mas entrega à sociedade diversos serviços, inclusive no combate à desigualdade. Reconhecer isso é o ponto inicial do debate”, diz.
Oliveira também defende que é necessário debater o papel institucional de cada órgão público que intervém na gestão, como Judiciário, Ministério Público e tribunais de contas. ‘Todos esses órgãos interferem no dia a dia da gestão e influem na eficiência e qualidade dos serviços prestados à população. Não podemos ignorar, nesse debate, essa dimensão institucional que envolve a gestão pública”.
“O maior legado que uma reforma administrativa pode deixar é um bom marco institucional que permita a construção de uma burocracia pública eficiente, democrática, profissionalizada, transparente e comprometida com o interesse público. Mas, para isso, o Congresso Nacional terá que fazer um diagnóstico amplo e profundo dos desafios enfrentados pela gestão pública para entregar melhores resultados para a população”, conclui Oliveira.
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