Quando se fala em modernização, no que você pensa? Provavelmente em tecnologia, inovação, otimização. Certo? Pois esse não é o caso da PEC 32, proposta de Reforma Administrativa do governo, que se autoproclama como “modernizadora”. O projeto sequer fala sobre esses temas. Pelo contrário, por se tratar somente de uma discussão de RH, ele vai permitir o reforço de práticas antigas no Brasil, como a criação de cabides de emprego, cargos técnicos preenchidos por indicação política, clientelismo. Modernização? Nenhuma. A PEC 32 é apenas a legalização desses desgastados atos de corrupção, o bom e velho “toma-lá-dá-cá”.

Quer ver como vai funcionar na prática? Um exemplo: essa Reforma Administrativa acaba com as restrições para ocupação de cargos em comissão e funções de confiança. Com isso, a estimativa é que a PEC 32 elevará para 1 milhão o número de indicações políticas no serviço público – um número inaceitável! E você sabe o que isso significa: ingerência política, loteamento partidário, empreguismo, nepotismo e mais corrupção. Afinal, não é novidade para ninguém o que vem em troca de uma indicação política para um cargo… Com a PEC 32, o vereador da sua cidade vai poder indicar o vizinho, o afilhado e o cabo eleitoral para trabalharem não só em seu gabinete, mas também nos postos de saúde e em cargos administrativos das escolas públicas, sem que eles tenham qualquer mérito ou qualidade para isso.

E nem sequer economia essa proposta trará: o governo não apresentou nenhum estudo que embase e demonstre melhorias para os cofres públicos. Isso porque, ao que tudo indica, a PEC 32 vai trazer mais prejuízos ao País: o impacto da corrupção no Brasil já é altíssimo – cerca de R$ 170 bilhões anuais! Parece que a Reforma Administrativa é mais a Reforma Pela Corrupção. Não à toa que despencamos no Índice de Capacidade de Combate à Corrupção (CCC), ranking elaborado pela entidade empresarial americana Americas Society/Council of the Americas (AS/COA) e pela consultoria britânica Control Risks. Brasil, o país onde tudo acontece ao contrário e o “moderno” já nasce antigo…