Lira começa a negociar aprovação de reforma por R$ 20 milhões
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Lira começa a negociar aprovação de reforma por R$ 20 milhões

Depois de muitas idas e vindas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) parece ter finalmente reconhecido a dificuldade em votar a reforma administrativa do plenário da Casa.

Movimentações de bastidores indicam que Lira começa a negociar as emendas não impositivas buscando votos da base do presidente do Centrão. A informação veio do assessor legislativo Vladimir Nepomuceno para o Correio Braziliense.

E a apoio vai sair muito caro: cerca e R$ 20 milhões por cabeça, ou R$ 6,16 bilhões em dinheiro público para garantir a aprovação de uma medida que, em seu cerne, destrói o serviço público.

Do outro lado, estariam em jogo a credibilidade de Lira como presidente e sua recondução ao cargo, assim como o aceno positivo de Guedes ao mercado financeiro.

No entanto, nem tudo está perdido. Muitos deputados alegam que R$ 20 milhões não pagam o prejuízo da perda do mandato parlamentar devido à forte resistência à reforma em suas bases eleitorais. Portanto, a chance de traição na hora do voto é grande.

“É um montante que não se converte para mim em voto suficiente pelo que eu perderia de votos da opinião do meu eleitorado”, afirmou um deputado governista à Gazeta do Povo.

Em um passado não muito distante, os parlamentares que apoiaram a reforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer também sofreram com as campanhas contra sua reeleição, como foi o caso do agora ex-deputado Rogério Marinho, relator da proposta na Câmara. “Se votar, não volta” é um mantra que ressoa pesado na cabeça dos deputados há semanas.

Existem ainda parlamentares da base governista que, mesmo na hipótese de “compra”, são contrários ao projeto; um deles é o deputado Felício Laterça (PSL-RJ): “Se quero falar em milhões, quero falar e acreditar nos mais de 20 milhões de brasileiros que são servidores públicos e naqueles que acreditam no serviço público e dependem dele”.

Para além da ironia de se pagar milhões de dinheiro público em uma atuação que traz impacto negativo direto para a sociedade, há ainda a questão dos números. Pagar R$ 20 milhões por cabeça pela aprovação de uma proposta como essa é, no mínimo, escandaloso, num pais em que 20 milhões de pessoas passam fome. As cifras iguais não podem sem tratadas como coincidência.